08/02/2009

Cenas da vida (ir)real

Chovia a potes.
A água escorregava pela calçada, pelo jardim, pelas janelas e ia formando pequenas poças aqui e ali.
Com um suspiro, Margarida pegou no saco vazio das compras e virou-se para o marido:
- Vamos ao super então... Já são 11 horas e pelos vistos o tempo não vai permitir mais nada!

O pequeno supermercado estava atulhado de gente.
Pelos vistos, todos os vizinhos tinham tido a mesma brilhante ideia de aproveitar a chuvosa manhã de domingo para fazer as compras do almoço.

Após as voltas necessárias e com o cesto cheio, o marido dirigiu-se a uma caixa e ficou a aguardar a sua vez.

Margarida deixou-se ficar para trás, entretida com uns cartazes de promoção de bacalhau. Passado pouco tempo, dirigiu-se igualmente às caixas.

Agarrou-se ao braço do marido, e fez-lhe uma festa como tinha o costume, olhando ao mesmo tempo para o carrinho vizinho na fila, de um casal de velhotes compradores que olharam para ela embasbacados. Sem perceber qual a razão, Margarida levanta a cabeça e dá um grito.

O marido, não era o marido. Era um homem bastante mais velho, de mesma estatura e com um casaco da mesma cor. Que a olhava igualmente pouco à vontade...sem saber muito bem o que dizer.

Procurando o marido com os olhos, Margarida corre para ele, meio envergonhada, meio risonha, no meio das gargalhadas de quem estava na fila e que tinha percebido e acompanhado a cena.

Ela conta-lhe o sucedido, pois ele de nada se tinha apercebido, e o marido, brincalhão, ri-se e diz, para o velho homem que tinha sido confundido e que continuava a aguardar a sua vez na caixa mais adiante:
- Olhe, garanto-lhe que é uma mulher excelente. Mas para já, não lha posso dispensar.

E para ela, rindo-se:
- Se fosse eu que te tivesse confundido com outra mulher num supermercado que dirias tu?

E que julgam vocês que ela respondeu?

- Era o que mais faltava! Ficava furiosa obviamente! Até porque tu és muito mais alto do que eu, e vias-me logo de cima portanto não me podias confundir com ninguém! Eu quando olhei para cima vi logo que me tinha enganado!

Agora digam-me lá, se não é esta tirada uma pura maravilha do engenho feminino!
Toda e qualquer semelhança com pessoas da vida real não é coincidência.

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